Modelo do Mundo, Sistemas Representacionais e Filtros

Desenvolvimento Pessoal

O conceito de modelo de mundo, segundo a PNL, refere-se ao recorte da realidade conforme concebida pelo cliente. Reflete suas experiências internas, sejam elas elaboradas consciente ou inconsciente, identificar o modelo de mundo do cliente do cliente permite ao terapeuta compreendê-lo, ampliá-lo empregando o Metamodelo, bem como estreitar seus laços com o cliente, estabelecendo mais facilmente o rapport desejável para atendimento eficaz.

Os sistemas representacionais constituem os canais de input, por meio dos quais as informações que o mundo oferece são absorvidas. Como afirma, Bandler e Grinder: “Cada um de nós, como ser humano, dispõe de um número de diferentes modos de representar nossa experiência do mundo. Temos cinco sentidos reconhecidos de fazer contato com o mundo – nós vemos, ouvimos, sentimos, degustamos, cheiramos. Como complemento desses sistemas sensoriais, temos o sistema de linguagem, que usamos para representar nossa experiência(...). Há três canais de input mais importantes através dos quais, como seres humanos, recebemos informações do mundo à nossa volta- visão, audição e cinestesia (sensações corporais) (BANDLER, GRINDER, 1977, p.33).

Cada indivíduo representa, pois, suas experiências da realidade que lhe é apresentada por meio da linguagem. Bandler e Grinder (1977) destacam que as representações são submetidas, além desta e dos sentidos, a outros três tipos de filtros, denominados restrições neurológicas, restrições sociais e restrições individuais.

Por ordem das restrições neurológicas, os seres humanos são capazes, por exemplo, de perceber apenas certos tipos de ondas eletromagnéticas (como ondas sonoras abaixo de 20 ciclos/s ou acima de 20.000 ciclos/s). Nesse sentido nosso sistema nervoso constitui o primeiro grupo de filtros que distinguem o mundo- território- de nossas representações do mesmo – o mapa. ” (BANDLER, GRINDER, 1977, p.33).

Uma segunda maneira pela qual nossa experiência do mundo difere do próprio mundo é através do conjunto de restrições ou filtros sociais (os óculos impostos) – referimo-nos a estas categorias ou filtros aos quais estejamos sujeitos como membro de um sistema social: nossa língua, nossos meios aceitos de percepção e todas as ficções aprovadas socialmente. Talvez o filtro genético social mais comumente reconhecido seja nosso sistema linguístico (BANDLER, GRINDER, 1977, p.29).

Por ordem das restrições individuais, os autores as definem como as representações criadas, tomando por base a história pessoal do indivíduo, pois, “ assim como cada pessoa tem um conjunto de impressões digitais distintas, assim, também, cada pessoa tem experiências incomuns de crescimento e vida e jamais a história de duas vidas será idêntica” (BANDLER, GRINDER, 1977).

Assim, os sistemas representacionais, submetidos ao sistema de linguagem e em concordância com os filtros citados, reforçam a teses das representações de caráter exclusivamente pessoal de modelo de mundo, variando de indivíduo para indivíduo, bem como justificam a limitação de suas escolhas disponíveis – somente as opções percebidas e “registradas” pela pessoa figurariam como “disponíveis”.

A compreensão desse importante papel da linguagem na construção de sentidos levou Bandler e Grinder a elaborar o conceito de Metamodelo, peça-chave de sua abordagem teórica.

O conceito de Metamodelo é apresentado no livro de estreia de Bandler e Grinder. A estrutura da magia (BANDLER; GRINDER, 1977), definido como modelo linguístico ”exterior”, por meio do qual o indivíduo busca traduzir suas representações interiores que constituem seu modelo de mundo. Segundo, os autores, ”Todas as realizações da raça humana, positivas ou negativas, envolveram o uso da linguagem. Nós como seres humanos usamos a linguagem de dois modos. Usamos, antes de tudo, para representar nossa experiência- chamamos essa atividade de raciocínio, pensamento, fantasia e narrativa e também em segundo lugar, usamos a linguagem para comunicar a outros nosso modelo ou representação do mundo” (BANDLER; GRINDER, 1977, p.42-43).

O metamodelo pode ser mais claramente compreendido a partir da seguinte explicação: “ em outras palavras, utilizamos a linguagem para representar nossa experiência – este é um processo particular. Utilizamos, então, a linguagem para representar nossa representação de nossa experiência – um processo social. ” (BANDLER; GRINDER, 1977).

O metamodelo foi concebido para ensinar o ouvinte a ouvir e reagir à forma de comunicação de quem fala. O conteúdo pode variar infinitamente, mas a forma de informação dada propicia ao ouvinte a oportunidade de reagir de modo a obter o significado mais completo da comunicação. Com o metamodelo é possível perceber rapidamente a riqueza e os limites da informação dada, bem como os processos humanos de modelagem usados por quem fala. Ouvir e reagir segundo as definições propostas pelo metamodelo faz qualquer comunicação a mais compreensível e profícua. (CAMERON- BANDLER, 1991,p.223).

Segundo Bandler e Grinder, o Modelo Milton atua no sentido inverso do Metamodelo da PNL. Por exemplo, no Metamodelo, através das nominalizações, busca-se esmiuçar o não-dito, passando-se da estrutura profunda para a estrutura superficial. O Modelo Milton evita esse recurso, conforme dito por seus elaboradores: “Frequentemente, o Modelo Milton tem sido chamado o inverso do Metamodelo(...) O Metamodelo é um conjunto de padrões linguísticos que podem ser usado para especificar mais completamente a experiência. O Modelo Milton, ao contrário, fornece ao usuário maneiras de ser ‘artisticamente vago’. Ser artisticamente vago permite ao comunicador fazer colocações que soem específicas e que, todavia, sejam suficientemente gerais para espalharem adequadamente a experiência do ouvinte, independente do que seja. O Metamodelo fornece maneiras de recuperar as informações específicas que estejam omitidas em algumas sentenças. O Modelo Milton fornece maneiras de construir sentenças nas quais praticamente todas as informações especificas estejam omitidas. Isto requer do ouvinte que ele preencha as lacunas com a sua própria experiência interna (BANDLER; GRINDER, 1984, p.277-278).

Em suma, o Modelo Milton oferece estratégias ao terapeuta para que este construa um discurso, durante o atendimento, de forma a conduzir o cliente na direção da autorregulagem necessária para alcançar as mudanças desejáveis.

“Enquanto estou sentado nessa cadeira, quero que escute. Farei perguntas. Você as responderá e não dirá nem um pouquinho a mais nem a menos do que devo saber. Isto é tudo o que você vai fazer – nada mais. ” (MILTON ERICKSON).

Concluindo este estudo, podemos perceber a importância e contribuição de Milton Erickson para Psicologia e processo terapêutico em geral, principalmente com suas contribuições relativas a um novo olhar para hipnose, sobre questões referentes a subjetividade na relação terapeuta e cliente, e sobre as potencialidades do discurso. No tocante a subjetividade, é possível identificar um novo paradigma no campo da Psicologia através do enfoque ericksoniano. Quanto às potencialidades do discurso, o Metamodelo e o Modelo Milton indicam, como a subversão de normas gramaticais e sintáticas explorada por Erickson pode ser traduzida por efeito hipnótico.

Em relação a hipnose os avanços dados pelo Modelo Milton, o mais expressivo é a substituição do transe hipnótico tradicional por táticas terapêuticas como a indução indireta e o uso de metáforas, a fim de provocar efeito hipnótico, dessa forma o terapeuta pode explorar o modelo de mundo do cliente enquanto este experimenta o efeito hipnótico e de agir em consonância com os anseios do cliente para efetivar a mudança e desenhar o cenário futuro.

A questão da sugestibilidade, relacionada à da subjetividade do sujeito, é outro ponto importante: diferentemente do transe hipnótico tradicional, em que o hipnoterapeuta, oferece sugestões ao cliente, que ficará à sua mercê, no estado hipnótico segundo o Modelo Ericksoniano ocorre um jogo interacional em que o sujeito é instigado a agir vislumbrando a construção de seus próprios resultados. Embora o inconsciente do sujeito seja acionado através de técnicas que promovem efeito hipnótico, as sugestões encaminhadas pelo terapeuta, passam pelo crivo da consciência do cliente, diferentemente do que ocorre na hipnose tradicional.

A Hipnose Ericksoniana aprofundou também as técnicas do espelhamento e rapport, empregadas pela hipnose na indução ao transe. O uso cuidadoso da linguagem verbal e não-verbal é empregada não apenas para diagnosticar o sintoma como também para promover a mudança necessária para o cliente com a colaboração deste.

Em vez de buscar no passado do cliente as causas do problema atual, o Modelo Milton, prefere oferecer sugestões práticas a partir do presente, desenhando, junto com seu cliente, ações que promoverão as mudanças necessárias para a criação de um novo cenário no futuro, em que este se insere livre de amarras, com o olhar na direção de possíveis sucessos.

Podemos ver na Psicanálise uma das suas principais características o foco no passado, já no Modelo de Milton o foco é no presente e no futuro, e este é um dos maiores indicadores da diferença entre ambos. Erickson afirmava que “compreender o passado não muda o passado”. E uma vez que o método ericksoniano objetiva a mudança acelerada do quadro de insatisfação do cliente, Erickson colocou a regressão à margem de sua terapia, pois priorizava o sintoma e não a causa, e este é também um dos postulados da práxis ericksoniana.

A técnica ericksoniana explora as potencialidades do discurso. Ao subverter as construções linguísticas cravadas na mente inconsciente do sujeito, Erickson cria um vínculo causal entre ideias não-relacionadas ou até mesmo contrárias, gerando momentaneamente efeito hipnótico, obtendo, assim, a colaboração do cliente para a ação indicada pelo terapêuta.

O trabalho que Milton Erickson dedicou toda a sua vida de estudos e prática, contribuiu de uma forma expressiva para figuras do seu tempo como Margate Mead e Gregory Bateson, além de influenciar os trabalhos de Ernest Rossi, Jeffrey Zeig, Jay Haley, John Weakland, Richard Bandler e John Grinder, como mentor e parceiro.

" A MENTE HUMANA NÃO É FÍSICA, OS REGISTROS MENTAIS NELA CONTIDOS SÃO APENAS E SIMPLESMENTE "ENERGIA", QUE COMBINADAS, GERAM OS SENTIMENTOS, EMOÇÕES, PENSAMENTOS, ATITUDES, ETC..., CULMINANDO EM ESTÍMULOS E AÇÕES FISIOLÓGICAS, METABÓLICAS, DE MOBILIDADE E COMPORTAMENTO." (Luiz Carlos Crozera)

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