Numa visão psicanalítica, a psique humana pode ser comparada a um grande iceberg imerso, com apenas a ponta evidenciada ao mar. Podemos dizer que a parte consciente está acima da superfície da água e representa cerca de 10% da psique. O pré-consciente é a parte do iceberg que fica na linha d’água, cerca de mais 10% e o inconsciente, a parte submersa: aproximadamente 80% de nossa psique.
Freud, pai da psicanálise, elucidou dois conceitos fundamentais da teoria psicanalítica – a existência de uma mente inconsciente e o conceito de determinismo psíquico, ou causalidade, onde nada ocorre por acaso. Todos os eventos psíquicos são determinados por eventos anteriores. Não existe descontinuidade na vida mental. Estes dois conceitos, estão intimamente relacionados e é impossível considerar um sem o outro. Em seguida, Freud desenvolveu um terceiro conceito central à teoria psicanalítica: o mecanismo da repressão ou o esquecimento seletivo inconsciente de eventos ou coisas demasiadamente dolorosas para o reconhecimento da mente consciente.
Em outras palavras, a realidade do inconsciente diverge da realidade consciente. No entanto, vale lembrar que muitas forças presentes no interior do psiquismo escapam ao controle da pessoa. Este material, quando acessado e trabalhado de forma consciente, exerce riquíssimo papel no processo de crescimento e transformação.
Mas, o que é o inconsciente?
O inconsciente é o fio condutor que alicerça a obra freudiana desde o seu início até os últimos trabalhos, na década de 30.
Em sua primeira tópica, Freud postula o aparelho psíquico sob o ponto de vista topográfico, ou seja, o psiquismo dividido em três lugares psíquicos: o inconsciente, o pré-consciente e o consciente. Sob o ponto de vista dinâmico, este trio está em constante conflito de forças.
Desejos inconscientes querem ser manifestados e emergidos no campo consciente e contra as forças que operam para a sua não satisfação, impedindo sua manifestação.
O ser humano vive num eterno conflito interno.
A insatisfação dos desejos gera repressão, que é o processo psíquico através do qual a pessoa rejeita determinadas representações, ideias, pensamentos, lembranças ou desejos, submergindo-os na negação inconsciente, no esquecimento, bloqueando, assim, os conflitos geradores de angústia.
Não vemos o inconsciente, nós o sentimos e sua manifestação pode ser percebida através de atos falhos, sonhos, chistes, mecanismos de defesa e resistência.
Quanto mais você entender como funciona o iceberg, melhor será o seu resultado em todas as áreas. Então, entenda as principais características do sistema inconsciente:
- Atua como seus elementos inacessíveis à consciência;
- Opera supondo que gera algum tipo de prazer;
- Está relacionado com a vida instintual;
- Caracteriza-se por um caráter infantil;
- É atemporal.
Sistema pré-consciente
Compreende os elementos acessíveis à consciência. Refere-se a conteúdos que não se encontram presentes no campo atual da consciência.
Podemos dizer, por isso, que a mente conta com dois inconscientes: um apenas descrito como tal e outro que contém material totalmente desconhecido.
Sistema Consciente
Na periferia do aparelho psíquico, entre o mundo exterior e os sistemas de memória, está situado este funcionário do cérebro, encarregado de registrar as informações do exterior e perceber as sensações interiores da série prazer-desprazer.
Além da percepção de informações sensoriais exteriores e a das sensações endógenas, o sistema consciente é também a sede dos processos de pensamento, tanto dos raciocínios como das recordações. Ele acumula ainda a função de controlar a motilidade. Nossa percepção consciente se limitada a:
- Sensações vindas do mundo exterior;
- Sentimentos contidos no sistema pré-consciente, como afeto, emoções, repressões, pensamentos, lembranças, angústias e outros.
Id, Ego e Superego
Anos mais tarde, Freud reformula a teoria do aparelho psíquico e postula a segunda tópica, nomeando as instâncias em Id, Ego e Superego. Embora não anule a primeira, integra as instâncias consciente, pré-consciente e inconsciente a atributos e qualidades.
O ego, núcleo da personalidade, é consciente, pré-consciente e inconsciente;
O superego, que reúne as forças morais inibidoras sob influência da educação, é uma pequena parte pré-consciente e o resto se enraíza no Inconsciente;
O id, identidade da personalidade, é todo inconsciente.
Em cada pessoa existe uma organização coerente de processos mentais, denominada ego, ao qual a consciência se acha ligada: o ego controla as abordagens à motilidade, isto é, à descarga de excitações para o mundo externo. É a instância mental que supervisiona todos os próprios processos constituintes e que vai dormir à noite, embora ainda exerça censura sobre os sonhos.